terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

AS ESCOLAS LAICAS

Senhores,

Salve Maria!

Mais um artigo de Dom Félix Sardá y Salvani. Este e os dois seguintes tratam sobre a escola laica ou pública, como dizemos aqui no Brasil. Sempre será útil lembrar que estes artigos foram escritos em 1870, ou seja, bem no início deste sistema. Se ele escrevesse hoje quanto não acrescentaria sobre estas escolas!

Temos dois objetivos com tais artigos: 1° - mostrar que a crise na sociedade e na Igreja foram preparados, arquitetados e postos em obra a muito tempo. Que não é fato do acaso, ou de alguns anos ou de tal ou qual partido político, mas sim de maquinações seculares do inimigo de Deus e da Sociedade; 2° - é despertar os católicos da atual letargia e conformismo em que vivem: “não tem mais jeito”, “vamos fazer o que?”, “todo mundo faz assim”, “quer dizer que todo mundo está errado?”...etc. A maioria das vezes não passam de desculpas para evitar ter que assumir compromissos e responsabilidades diante de nossa fé e nossa Santa Religião.

Diz Tertuliano: “Em todas as coisas o homem é um soldado.” Que o seja também agora e sobre este assunto de sumo interesse para a Igreja e toda a sociedade.

Ave Maria Puríssima, Sem pecado concebida!

Rafael Horta

 

AS ESCOLAS LAICAS

Ou seja, ímpias.

Dom Félix Sardá y Salvani,

Le Mal Social

 

 

Ouvistes, amigos leitores, que uma novidade sobre o título de escolas laicas, se introduziu entre nós? Escutai e prestai atenção o que irá acontecer. É pura e simplesmente escola de Satã e uma cilada armada para a perdição das almas. É a última tempestade suscitada pelo inferno contra este católico país, que já tentou tantas outras desde o começo do século; é o último disfarce que a Revolução pretende usar para ganhar nosso país.

Falemos claramente e sem véus. O erro não faria nenhuma conquista se se mostrasse com seu verdadeiro rosto e toda sua feiura. Não é desta maneira que ele procede; para se propagar tem primeiramente necessidade de se cobrir com uma máscara, que ordinariamente tem um nome mais ou menos simpático, com o qual atrai a atenção. Eis porque os centros de impiedade, estabelecidos recentemente em nossas terras, receberam de Satã, seu verdadeiro pai, o nome de escolas laicas. Escolas, ou seja, lugar onde parece se limitar a dar a instrução, que é uma coisa muito boa. Laicas, ou seja, segundo as aparências, confiadas a seculares que podem preencher suas obrigações com tanta competência quanto os eclesiásticos mais distintos. Até aqui, à primeira vista, nada de extraordinário.

Mas infelizmente há ai uma máscara e nada mais; uma cilada coberta de flores, um laço para pegar os ingênuos. Estas escolas laicas têm esse nome no pensamento de seus fundadores, não porque são os seculares que ensinam ou dirigem, mas porque o ensinamento que ai se dá se proclama laico ou independente da religião. Este ensinamento é um ensinamento sem Deus, um ensinamento ateu, um ensinamento que procura se amparar o mais cedo possível do coração da criança ou do jovem, para ai fazer, não o que deve ser feito, mas um homem sem fé nem lei, um homem sem religião.

Estamos nós a caluniar as escolas laicas ou livres qualificando-as assim?

De maneira alguma! Pois que estas escolas tiveram o cuidado de merecer este nome por suas palavras e seus atos. Por suas palavras nos jornais que sustentam. Há em nossa cidade (Barcelona), um jornal que lhes serve de órgão oficial e que não cessa de nos repetir a cada semana que o laicismo é a emancipação de toda ideia religiosa, de cunho sacerdotal, do despotismo de Roma, das ideias do Syllabus, ou seja, de tudo que constitua o verdadeiro catolicismo. E como consequência deste plano diabólico, ela não deixa de passar nenhum dia sem vomitar blasfêmias contra o que há de mais santo e mais sagrado, de recolher a lama que se encontra na Imprensa imunda de Paris, para jogá-la na face dos católicos e sujar tudo o que leva o nome de catolicismo.

É assim que falam seus programas, em suas alocuções, os fundadores e patronos destas escolas, pregando em alta voz a excelência do livre pensamento, da ciência separada, da razão emancipada, de outras expressões tiradas do dicionário do livre pensador, que só tem um significado franco e verdadeiro: guerra a Religião!

Estas escolas justificam ainda seu nome por seus atos. Começa-se por suprimir o catecismo como coisa inútil; tira-se o Crucifixo do lugar de honra que ocupava; abandonam-se completamente os atos de religião; recusa-se a aceitar a visita do pároco; nos livros que se colocam entre as mãos dos estudantes não se encontra nada que fale sobre a fé, de suas máximas, de seus preceitos, de suas festas, de seus sacramentos, de seus santos, de suas cerimônias. É um ensinamento vazio e oco, no meio do qual se quer asfixiar, desde a mais tenra idade, o coração da criança destruindo toda a ideia de Deus, todo sentimento de culto, toda aspiração à outra vida.

Que os fundadores destas escolas não nos digam mais que estamos a caluniar. Fazemos somente levantar levemente um canto do véu sob o qual eles se dissimulam. São escolas ímpias e nada mais.

Escola sem Deus é necessariamente uma escola contra Deus, escola sem catecismo é necessariamente escola contra o catecismo. Diremos simplesmente àqueles que não compreendem é que não sabem o que é uma criança nem o que é educação.

Educar uma criança não é somente lhe ensinar as letras, o cálculo, a gramática e a geografia, a física ou a matemática. Educar é formar o coração com ajuda de sentimentos honestos e alimentar a inteligência por meio de ideias nobres; educar é ainda refrear os apetites, restringi-los ao limite e às austeridades do dever, reprimir todas as tendências viciosas, corrigir o desejo natural de liberdade, ajudar a rigidez da lei e de seus imperiosos preceitos. Por isto é indispensável habituar a criança a ideia de um Ser Supremo e uma lei superiora, que não foi feita por homens semelhantes a ela, mas que tem uma origem mais elevada. Este Ser e esta lei, que exercem sua rigorosa jurisdição sobre os pensamentos e os desejos mais íntimos e os maiores segredos de sua alma; este Ser, da qual ele não poderá jamais, independente do que faça, sacudir sua autoridade; este Ser e esta Lei, do qual está sujeito desde seu nascimento, o acompanharão, como um professor durante toda sua vida, o julgando severamente à sua morte e punindo-o ou recompensando-o durante toda a eternidade. Tal é a base de toda educação. Sem ele, pode-se saber muito bem ler, escrever ou contar, conhecer a física, a química, a ginástica e tudo o que quiserdes; mas nada além disso. Possuir-se-á, talvez, uma brilhante instrução, mas a educação, uma educação sólida não terá lugar. Por ter confundido estas duas coisas, vários pais se enganam de modo lamentoso quando se trata da escola para onde devem enviar seus filhos. Eles se ocupam muito da formação da inteligência e nada da do coração, contentando-se somente um mestre para instruir suas crianças e não dando nenhuma atenção à questão da educação.

Entretanto, se todo mal consistisse em negligenciar a educação o mal seria menor do que é na realidade; muitas vezes se dá uma educação, mas uma educação viciada. Sendo, pois, indiferente, o professor o educa no indiferentismo; e fazendo glória de não observar nenhuma prática de religião, lhes ensina a olhar a religião como uma coisa sem importância.

Colocai, durante cinco ou seis horas por dia, uma criança em contato com um mestre ateu; não tardará a sofrer o contagio e a ser atingido também pelo ateísmo. A infância é uma idade onde quase tudo se adquire por impressão e quase nada pela convicção; é por isto que, nela, os bons e maus exemplos exercem uma influencia tão grande e excepcionalmente decisiva. Por uma consequência inevitável, o mestre ímpio formará, quase sempre, discípulos ímpios.

Satã sabe bem o que faz, por isso se esforça por todos os meios para introduzir em todos os lugares este abominável sistema de corrupção. Há um plano vasto e horrivelmente satânico para estender sobre nossa Espanha estas infernais escolas como uma larga rede, das quais nas malhas, desde mais ou menos um longo tempo, uma grande parte de nossa juventude foi tomada para ser educada no ateísmo. É a última etapa do programa maçônico que se esforça para aplicar entre nós com a mais extrema hipocrisia. Hoje escola ateia, sob o nome de laica, que lhe serve de máscara, pede unicamente o direito de viver em boa vizinhança ao lado da escola católica. Ela se limita a seduzir, sob o pomposo pretexto de propagar a instrução, os infelizes que não sabem reconhecer a malícia de sua propagada. Amanhã, como já se vê na França, reclamará a ditadura mais cruel sobre nossas consciências e sob o nome de instrução laica e obrigatória e o governo tornará obrigatório, sob pena de multa e detenção, aos cidadãos a enviar seus filhos. A escola laica é Satã transformado em pedagogo. Hoje, pede somente para ser recebido como hóspede; amanhã se tornará tirano. Tal é o lugar das escolas laicas que se anunciam pela primeira vez em nossa pátria e que todos católicos deveriam combater como a pior das calamidades sociais.

Pais e mães! O governo não o combaterá, por que desde anos, está sob ordem da Revolução. Sois vós quem deveis combater. Estes agentes disfarçados da maçonaria querem nos arrancar nossos filhos para dá-los ao inferno e vós não deveis consentir. Preferis para eles a ignorância à perversão. Mas não; vós não os deixareis na ignorância; podeis lhes dar uma boa educação, sólida e cristã; há em vários lugares escolas públicas e privadas tendo mestres seculares ou eclesiásticos tais como Deus quer. São a estes mestres e não aos outros que deveis confiar vossos filhos. Ao mestre que calca o catecismo que não deverias dar uma moeda, como confiaríeis a alma de vossas crianças? Não olhais como um mestre mas como um agente de perdição aquele que não venera o crucifixo; não concedais nenhuma confiança àquele que não ensina a vossas crianças o sinal da Cruz e a Oração Dominical, mesmo que tenha a ciência completa para todo o resto. Se ele é mal cristão, quanto mais sábio mais perigoso; como o assassino é tanto mais perigoso quanto menos se desconfia que tenha na mão um punhal afiado.

Pais e mães! Vós deveis desejar a morte de vossos filhos antes que os ver nos centros de perdição. Que esperais vós de um filho ou uma filha criados sem o temor de Deus? Aquele que não teme a Deus não temerá não amar seus pais; aquele que começa por desprezar a Religião, com tempo, virá a ser o carrasco de sua família. Considereis que os maus pais querem que seus filhos sejam bons. Vós que sois bons não permitais que vossos filhos recebam uma instrução que os torne maus.

Pais e mães! Quando lerdes ou receberdes algum panfleto com o título Escola Laica, dizei imediatamente:

Escola laica significa escola sem Religião, sem catecismo, sem Missa, sem Deus.

Escola laica significa escola de ateus, jardim de apóstatas, de maus filhos, de maus cidadãos.

Escola laica significa instrução, mas instrução envenenada; letras, conjunto de corrupção; ciências, escritório de recrutamento para lojas maçônicas.

Tal é a escola laica; isto que ela é e nada mais.

Há pecado grave em enviar vossos filhos a ela. Os pais que cometem tal iniquidade pecam mortamente. Eles pecam com se jogassem seus filhos do alto de um precipício, como se vendessem suas filhas à prostituição.

Pecam gravemente aqueles que, podendo impedir de fundar-se ou manter-se, lhes dão aprovação ou a autorização. Pecam gravemente aqueles que as louvam ou a favorizam. Pecam gravemente aqueles que, obrigados de falar claramente sobre este assunto se calam ou dissimulam a verdade. Pecam como pecaria alguém que incendiasse as lavouras, envenenassem as fontes, os pães e outros alimentos.

Ó! A instrução é grande coisa, mas com a condição que seja boa. Mas a instrução é uma coisa detestável, horrível, quando é mal. Os inimigos da Religião não podem nos causar prejuízo maior do que envenenando a instrução. Recorrendo a este meio, o Imperador Juliano creu destruir o catolicismo mais seguramente e mais prontamente que com o ferro e o fogo. Assim pensam os perseguidores atuais. Eles creem que com a escola satânica alcançarão o objetivo. Vã ilusão! Atrairão grande numero de infelizes almas; perverterão muitos corações; arrebatarão a paz e a honra de muitas famílias; semearão o joio e o erro em vastas extensões; mas que não continuem se iludindo estes inimigos de Cristo e da Igreja. O Cristo não morrerá! A Igreja não perecerá!

Esperando, perseveremos, e o tanto que estiver em nosso poder, tiremos as almas das ciladas da perdição. Gritemos sempre e em todo lugar: Atenção! Atenção! Pais não vendais vossos filhos! Mães, não abandoneis vossas filhas! Ficai atentos contra a escola laica que quer lhes arrebatar!


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